“Dezembrite”: psicóloga explica por que o fim do ano aumenta ansiedade e estresse!
Kallila Barbosa destaca que metas, comparações e autocrítica intensificam emoções múltiplas e propõe caminhos para encerrar o ano de forma mais leve

Foto: Divulgação
O mês de dezembro costuma ser um período de muitas celebrações, mas também de reflexões e muita intensidade emocional. Chegar ao fim de um ano pode trazer expectativas sociais que costumam vir acompanhadas de ansiedade, cansaço e frustrações. Esse cenário tem sido chamado popularmente de “Dezembrite” ou “Síndrome do fim de ano”.
A psicóloga, escritora e palestrante baiana Kallila Barbosa (@depropositoporproposito) , com quase 20 anos de atuação em saúde mental, explica que este fenômeno acontece porque estamos inseridos em uma sociedade que cobra cada vez mais por produtividade e performance.
A especialista sugere um movimento diferente do habitual: “em vez de avaliar o ano apenas pelas metas estabelecidas, o que ‘deu certo’ ou ‘faltou entregar’, proponho a atenção para as transformações subjetivas que marcaram a trajetória emocional de cada pessoa”, destaca Kallila.
A psicóloga lista alguns passos para que o encerramento do ano se torne mais honesto e menos pesado.
Identifique suas viradas internas e transformações silenciosas
Nem todo crescimento é barulhento. Há mudanças que não aparecem em metas cumpridas, mas em algo muito mais discreto: o tom da nossa coragem, a forma como passamos a dizer não, ou o modo como sustentamos um vínculo difícil. Identificar essas pequenas viradas internas, que muitas vezes se perdem porque não foram “produtivas”, mas foram profundamente formadoras.
Limites, vínculos e rupturas como bússolas subjetivas
O fim de ano reabre as perguntas: Quem ficou? Quem partiu? Onde eu me protegi? Onde estiquei demais? Ter clareza dos nossos limites ajuda na ideia de que as relações são marcos importantes e nos ajudam a compreender nossa trajetória emocional. Ler o ano passa por olhar para esses movimentos com sensibilidade, compaixão e responsabilidade.
Pausa, descanso e acolhimento no lugar da autocrítica
Nesse período, muita gente tenta correr contra o relógio para “dar conta” das metas planejadas” e carrega a angústia em olhar para o que não foi cumprido. Como psicóloga, eu defendo o oposto - o descanso como ato clínico e político, como possibilidade de reorganizar o corpo e os afetos antes de atravessar para o próximo ciclo.
Cuidado com as comparações intensificadas pelas redes sociais
As redes sociais intensificam a sensação de insuficiência, especialmente diante de narrativas de sucesso pautadas por conquistas exibíveis ou marcos sociais e economicamente celebráveis. Esse tipo de comparação desconsidera contextos, histórias, recursos e ritmos muito diferentes. Além disso, coloca o foco no que não foi alcançado, apagando esforços reais e processos internos importantes.
Enxergue o ano com presença
No lugar de ficar preso às frustrações do que não se concretizou ou da ansiedade de planejar o próximo ano, contemple cada dia que falta para o encerramento deste ciclo. Contemple as sensações de seu corpo, o que te trava, o que te arrepia… Ao olhar para o agora, você suspende a pressão do “deveria” e abre margem para sentir, respirar e compreender sua própria trajetória com mais verdade.
Ao propor esses pontos de atenção, Kallila Barbosa reforça que olhar para o ano que passou a partir das experiências internas, e não apenas dos resultados visíveis, permite compreender a própria história com mais honestidade e profundidade.
A psicóloga também convida as pessoas ao exercício de escrita e autoconhecimento para auxiliar neste processo. Como ferramenta terapêutica, Kallila se prepara para lançar um caderno chamado “Uma cartografia de mim”, um guia para nortear esse olhar para as transformações internas. O caderno em versão digital está à venda aqui e em versão física em pré-venda através do link


