Dino afirma que ex-assessora atuava "supostamente sob ordens diretas" de Lira
Mariângela Fialek foi alvo de operação da PF sobre emendas parlamentares nesta sexta (12)

Foto: Gustavo Moreno/STF | Reprodução
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que Mariângela Fialek, ex-assessora do deputado e ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), "supostamente atuando sob ordens diretas" do parlamentar.
De acordo com o magistrado, que permitiu uma operação da Polícia Federal (PF) contra Mariângela nesta sexta-feira (12), a funcionária da Câmara dos Deputados "exercia o controle" de desvios de emendas parlamentares, por causa do orçamento secreto.
“Tais circunstâncias evidenciam fortes indícios de que a Representada integra uma estrutura organizada voltada ao indevido direcionamento de emendas parlamentares, supostamente atuando sob ordens diretas da antiga Presidência da Câmara dos Deputados, exercida pelo Deputado Arthur Lira, fato que ainda está em apuração", disse Dino.
O inquérito que ocasionou na operação teve depoimento de seis parlamentares. As audiências apontam indícios que Tuca fazia parte de uma "estrutura organizada" voltada aos desvios de emendas, que tinha ainda o redirecionamento forçado dos recursos, determinado por Lira, cujo principal beneficiário era estado de Alagoas.
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), por exemplo, revelou episódios de pressão política, incluindo relatos de que Lira teria ameaçado retirar José Rocha da presidência de uma comissão para redirecionar recursos. O parlamentar também indicou repasses considerados atípicos para munícipios de Alagoas, em especial Rio Largo, governado por um aliado de Lira e beneficiado com valores acima do padrão.
Outro deputado, José Rocha (União-BA) disse que, ao assumir a presidência de uma comissão, recebeu de Tuca, minutas de ofício e planilhas de repasses que juntos somavam mais de R$ 1 bilhão, sem identificação de autores, objetos ou beneficiários. O parlamentar revela ter insistido por WhatsApp, para poder obter informações, mas nunca recebeu os detalhes. Ele disse que uma das remessas destinava R$ 320 milhões para Alagoas, estado de Arthur Lira, e que garantiu o envio ao ministério até conseguir transparência, o que fez Lira a ligar reclamando que ele estaria "criando problema".
A Polícia Federal (PF) realizou nesta sexta-feira (12), em Brasília, uma operação na intenção de investigar desvios na destinação de recursos públicos através de emendas parlamentares e que teve Mariângela como alvo. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa e sala do trabalho dela.
No momento, Mariângela atua como servidora da liderança do PP, mas sempre atuou como braço direito de Lira, principalmente à época em que ele era presidente da Câmara.


