Três dias após ciclone, São Paulo ainda tem mais de 500 mil imóveis sem energia
Justiça determinou que a Enel restabeleça a energia elétrica para todos os clientes de sua área de concessão em São Paulo em até 12 horas, sob pena de multa horária de R$ 200 mil.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Três dias após o início do apagão causado pela passagem de um ciclone extratropical, mais de 500 mil imóveis ainda enfrentam a falta de energia elétrica no estado de São Paulo no início da manhã deste sábado (13).
No quinto apagão a atingir a capital paulista e a região metropolitana em pouco mais de dois anos, desde novembro de 2023, o número total de afetados é de 520.715. Na capital, a falha atinge 365.491 clientes que reclamam da demora da Enel para retomar o fornecimento e enfrentam dificuldades para manter a rotina.
Na noite desta sexta, moradores do Bexiga, na região central de São Paulo, protestaram contra a falta de energia. Eles enfrentam o problema pelo terceiro dia consecutivo. Com lanternas nas mãos e batendo panelas, um grupo de pessoas passou por ruas gritando "queremos luz".
Moradores do Grajaú, na zona sul, também protestaram na avenida Teotônio Vilela. O grupo ateou fogo em pneus e fechou a avenida. A Polícia Militar esteve no local para liberar o trânsito.
O Tribunal de Justiça de São Paulo acatou um pedido do Ministério Público e determinou que a Enel restabeleça a energia elétrica para todos os clientes de sua área de concessão em São Paulo em até 12 horas, sob pena de multa horária de R$ 200 mil.
Além disso, a juíza Gisele Valle Monteiro da Rocha, da 31ª Vara Cível, determinou que a concessionária religue a energia de forma imediata "a contar da ciência desta decisão, ou subsidiariamente, onde ainda não houver condições técnicas de imediato para a normalização do serviço, o prazo máximo de quatro horas", nas seguintes situações e locais:
- Unidades hospitalares e serviços de saúde, incluindo as 114 unidades sem energia desde quinta-feira (11);
- Eletrodependentes cadastrados junto à concessionária, cuja vida depende do fornecimento contínuo;
- Instituições públicas essenciais, como delegacias, presídios e equipamentos de segurança;
- Creches, escolas e espaços coletivos, especialmente em razão da realização de vestibulares e provas;
- Sistemas de abastecimento de água e saneamento, como instalações da Sabesp e condomínios com bombas elétricas;
- Locais que concentram pessoas vulneráveis, como idosos e pessoas com deficiência.
Em nota, a Enel não citou os prazos judiciais nem confirmou se seguirá a determinação, mas afirmou que "tem cumprido com todos os compromissos estabelecidos no contrato de concessão e que tem reforçado de forma estrutural o plano operacional da companhia".
O plano inclui a contratação de mais eletricistas próprios, o aumento das manutenções preventivas e das podas de galhos em contato com a rede elétrica, a mobilização antecipada de equipes em campo de acordo com as previsões meteorológicas, entre outras ações. A companhia também destacou que "segue comprometida com a melhoria contínua de todos os serviços prestados aos seus clientes".


